MC01: Antropologia do Parentesco
Em 1972, o antropólogo David M. Schneider chamava nossa atenção para a dimensão cultural e simbólica do conceito de parentesco, deslocando-o dos lugares que tal assunto ocupava tradicionalmente na antropologia: o da biologia (através das relações de sangue) ou do direito (através dos deveres e privilégios atribuídos aos afins). A partir daí, os estudos sobre parentesco parecem ter dado espaço aos estudos de gênero, principalmente centrados na figura das mulheres. Já na década de 1990, voltam a surgir diversas pesquisas dedicadas a compreensão do parentesco nos mais diversos lugares do planeta. Essas pesquisas retomam as ideias de Schneider, propondo inclusive novos conceitos cujos reflexos estão dando frutos até hoje significando um novo fôlego nesse campo de estudos. A proposta desse minicurso é apresentar as principais abordagens sobre o parentesco na antropologia, dando ênfase a trabalhos publicados a partir da década de 1990. O objetivo é refletir, juntamente com os alunos, sobre pontos clássicos do pensamento antropológico como, por exemplo, a dicotomia entre natureza e cultura e sobre as formas relevantes que têm sido exploradas, mais recentemente, na construção do parentesco que vão além do compartilhamento do sangue, como a comensalidade, a vicinalidade, o compadrio, dentre outros. Tudo isso será visto a partir da experiência de campo supostamente muito diversos: as casas e quintais haitianas e as tekoha guarani e kaiowa.